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Xi Jinping x Winnie the Pooh

  • Foto do escritor: Pedro Paupério
    Pedro Paupério
  • 30 de jan.
  • 3 min de leitura

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Nos últimos anos, a figura de Xi Jinping, presidente da República Popular da China, foi frequentemente associada ao icónico personagem de animação, Winnie the Pooh.


Este fenómeno, aparentemente inofensivo, desencadeou uma série de tensões políticas e sociais, levando até à censura de imagens e referências ao urso nas plataformas digitais chinesas.


A relação entre Xi Jinping e Winnie the Pooh começou a ganhar destaque em 2013, quando o presidente chinês foi comparado ao personagem da Disney por internautas.

A comparação surgiu após uma fotografia de Xi Jinping ao lado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na qual as semelhanças entre os dois líderes e as figuras de Winnie the Pooh e o Tigrão ficaram evidentes. A internet, sempre rápida a criar memes, pegou na imagem e iniciou uma série de comparações, que, na sua maioria, eram inofensivas e humorísticas. Contudo, a reação do governo chinês foi de censura e repressão a essas comparações.

O regime de Xi Jinping, conhecido pela sua abordagem rigorosa à censura e ao controlo da imagem pública, não demorou a agir. Sites de redes sociais, como o Weibo, foram obrigados a apagar qualquer menção a Winnie the Pooh, e imagens do personagem foram removidas de diversas plataformas online na China. O governo chinês passou a encarar as comparações como um ataque à autoridade de Xi Jinping, vendo nelas uma forma de ridicularização e desrespeito à figura presidencial.

Essa censura fez com que o vínculo entre o líder chinês e o personagem se tornasse um símbolo de resistência e ironia entre os internautas. Muitos começaram a associar a imagem de Xi Jinping ao urso de pelúcia como uma forma de protesto contra a repressão e as restrições à liberdade de expressão. Curiosamente, a própria reação do governo apenas alimentou ainda mais as comparações e reforçou a imagem de um líder inseguro e, em certa medida, vulnerável.

Além disso, a censura de Winnie the Pooh não se limitou apenas às redes sociais. A proibição de produtos licenciados e a remoção do personagem de filmes e programas de televisão também se tornaram práticas recorrentes na China. A situação gerou uma controvérsia internacional, com ativistas e organizações de direitos humanos a acusarem o governo chinês de atacar a liberdade de expressão e tentar controlar até mesmo os elementos mais simples e inofensivos da cultura pop.

Este ambiente de censura é reforçado por mecanismos como o “Grande Firewall” da China, que restringe o acesso a informações externas e controla rigorosamente o conteúdo que circula no país. Plataformas de pesquisa e redes sociais chinesas, como o DeepSeek, são frequentemente sujeitas a bloqueios e restrições, o que impede que conteúdos considerados "subversivos" sejam acessados. Isso significa que, dentro da China, referências a figuras como Xi Jinping e até mesmo a personagens como Winnie the Pooh são rapidamente censuradas, tornando quase impossível para os cidadãos acessarem qualquer tipo de informação que possa ser vista como crítica ao regime. Este controlo digital é uma extensão da censura que ocorre no espaço físico e é uma característica central do autoritarismo moderno do país.

A figura de Xi Jinping, que se apresenta como um líder forte e imbatível, ao se ver associada a um personagem infantil e ingénuo como Winnie the Pooh, acaba por tornar-se um símbolo de fragilidade e controvérsia. Por um lado, a reação do governo pode ser vista como uma tentativa de preservar a autoridade do líder, mas, por outro, demonstra uma grande falta de confiança e uma aversão à crítica, algo que muitos consideram um reflexo do autoritarismo que caracteriza o regime chinês.

O "caso Winnie the Pooh" é mais do que apenas uma curiosidade sobre o humor na China; é um exemplo de como o regime de Xi Jinping lida com a imagem pública e a liberdade de expressão. A censura de um personagem tão querido em todo o mundo levanta questões sobre a natureza do controlo social e o limite da liberdade na sociedade chinesa. A história do relacionamento entre Xi Jinping e Winnie the Pooh, embora trivial à primeira vista, oferece uma visão intrigante sobre o autoritarismo moderno e as complexas dinâmicas de poder no país mais populoso do mundo.

 
 
 

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