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Estourar no Marketing

  • Foto do escritor: Pedro Paupério
    Pedro Paupério
  • 10 de mar.
  • 2 min de leitura

Se há algo mais icónico do que o próprio filme, é o som das pipocas a estourar antes da sessão começar.

Mas a verdadeira questão não é porque gostamos de pipocas com filmes – é como é que alguém conseguiu convencer o mundo inteiro de que filmes sem pipocas não têm a mesma graça.


A resposta? Marketing inteligente.


Como o Cinema “Pipocou” com uma Ideia Brilhante


Nos anos 1920 e 1930, os cinemas eram locais de luxo, onde a comida era proibida para manter os tapetes impecáveis. Mas, durante a Grande Depressão, os vendedores ambulantes começaram a vender pipocas a preços acessíveis nas portas dos cinemas.

O que aconteceu? As pipocas eram baratas, viciantes e tinham margens de lucro absurdamente altas. Os cinemas perceberam o potencial e começaram a vendê-las dentro das salas.

Resultado? Uma mina de ouro em forma de milho estourado.


Este é um caso clássico de associação de marca. Comer pipocas enquanto se vê um filme não foi uma necessidade do consumidor – foi um hábito criado pelo mercado.

Uma jogada tão bem feita que, décadas depois, um filme sem pipocas parece… incompleto.


O Poder do Preço “Psicológico”

Outro truque de marketing brilhante é a forma como os cinemas precificam as pipocas.

Quem nunca olhou para o menu e pensou: “Se a média custa 6€, mas a grande é só mais 1€, então compensa a grande”? Este é o efeito do preço isco (decoy pricing), que leva o consumidor a gastar mais para sentir que fez um “bom negócio”.


Além disso, as pipocas vendidas nos cinemas são ridiculamente caras, mas ninguém hesita em comprá-las. Porquê? Porque o cinema vende uma experiência, não um simples pacote de pipocas.

Quem quer perder tempo a fazer pipocas em casa quando pode pagar para ter o “ritual completo”?


O Cheiro, o Som e a Experiência Sensorial

O marketing das pipocas não é apenas racional – é emocional e sensorial. O cheiro do milho a estourar ativa memórias positivas e faz com que os consumidores comprem por impulso. O som crocante e o ato repetitivo de levar pipoca à boca criam um comportamento quase automático.


Em termos de branding, o que os cinemas fizeram com as pipocas é brilhante: transformaram um snack barato num símbolo cultural.


Pipocas em Casa: O Cinema Reinventado

Com o streaming a crescer, os cinemas enfrentaram um problema: como manter a tradição das pipocas? Simples: os supermercados e marcas de micro-ondas venderam pipocas como um “ritual de cinema em casa”. Hoje, é impensável ver um filme no sofá sem um balde de pipocas ao lado. Mais uma vez, marketing no seu melhor.


Milho que Virou Ouro

O caso das pipocas é uma lição de marketing sobre como um produto banal pode tornar-se essencial com a estratégia certa.

Os cinemas venderam a ideia de que ver um filme sem pipocas é quase um sacrilégio – e nós acreditámos.

Resultado? Margens de lucro gigantes, um hábito enraizado e um exemplo perfeito de como criar uma tradição a partir de uma boa estratégia de mercado.


Pipocas e cinema não nasceram juntos – mas o marketing tratou de os transformar numa dupla inseparável.

 
 
 

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