Um Tupperware com Gillettes
- Pedro Paupério
- 8 de mar.
- 2 min de leitura
Há marcas que não precisam de publicidade – basta dizer o nome que já sabemos do que se trata.
E poucas conseguiram isso tão bem como a Gillette, que não só dominou o mercado das lâminas de barbear, como entrou no vocabulário do dia a dia.
Hoje, em Portugal, não dizemos “lâmina de barbear”. Dizemos “gilete”, independentemente da marca. Quem nunca ouviu frases como “foi um corte à gilete”, sinónimo de algo feito com precisão (ou brutalidade, dependendo do barbeiro).
De Nome Próprio a Nome Comum
Este fenómeno acontece quando uma empresa tem tanto sucesso que o nome do seu produto se torna sinónimo do objeto em si.
Exemplos não faltam:
✔️ Gillette – Qualquer lâmina de barbear, mesmo que seja de marca branca.
✔️ Post-it – Blocos de notas adesivas.
✔️ Tupperware – Qualquer caixa de plástico para guardar comida.
✔️ Bic – Nome genérico para qualquer caneta esferográfica.
O sucesso de Gillette foi tão grande que, por muito que outras marcas tentem competir, ninguém "faz a barba com uma Wilkinson", mas sim com uma "gilete".
O Domínio da Gillette no Mercado
Desde que King C. Gillette inventou a lâmina descartável em 1901, a marca dominou completamente o mercado.
A estratégia foi simples, mas genial:
🔹 Criar um produto acessível e descartável, garantindo compras recorrentes.
🔹 Associar a marca à masculinidade e à modernidade – campanhas icónicas como “O Melhor Que Um Homem Pode Ter” reforçaram essa ideia.
🔹 Inovar constantemente – cada nova versão (Mach3, Fusion, ProGlide) prometia um barbear mais preciso e confortável.
O impacto foi tão grande que Gillette não só vende lâminas, mas influenciou a própria cultura da higiene masculina.
O Risco de Ser Tão Conhecido
Mas há um problema em ser demasiado popular: quando o nome da marca se torna genérico, corre-se o risco de perder o registo de marca.
Marcas como Aspirina e Jacuzzi já passaram por isso – os nomes eram tão usados que os tribunais decidiram que não podiam mais pertencer a uma empresa específica.
A Gillette ainda se mantém segura, mas o perigo está sempre à espreita.
Conclusão: O Nome Gravado na Pele (e na Língua)
Poucas marcas conseguem atingir o estatuto lendário da Gillette, um nome que não só vende milhões, mas também se tornou parte da linguagem popular.
Talvez, no futuro, as marcas de lâminas desapareçam. Talvez os homens deixem de fazer a barba e a depilação a laser domine tudo.
Mas enquanto houver cabelo para cortar, haverá sempre alguém a dizer:
➡️ “Quer que passe a gilete?”
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