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É bom falhar!

  • Foto do escritor: Pedro Paupério
    Pedro Paupério
  • 9 de ago. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de jun.

Dizem que a sorte protege os audazes. Mas o que ninguém diz é que, na maior parte das vezes, a sorte está ocupada a dormir e só acorda quando percebe que estás a trabalhar mais do que ela.

A verdade crua é esta: a sorte dá um trabalho do caraças. Não aparece, constrói-se.

Vivemos numa cultura que venera o sucesso mas abomina o falhanço.

Como se cada queda fosse um atestado de incompetência, em vez de uma lição aprendida. Falhar é visto como fracasso, como vergonha pública. Mas essa ideia está errada — e faz-nos um mal danado.

Porque a verdade é que falhar é das melhores formas de aprender. Quem nunca caiu, nunca testou os próprios limites. Nunca saiu do mesmo sítio.

O conforto é traiçoeiro. Sabe bem, mas é estéril. Não dá frutos. Crescer dói. É como largar a pele velha: desconfortável, incerto, às vezes até ridículo. Mas é só nesse desconforto que algo novo nasce.

O sofá da zona de conforto é fofo, mas não leva a lado nenhum.

Sonhar é fácil. Fazer é outra história. E ninguém — repito, ninguém — vai levantar-se por ti às cinco da manhã, enfrentar o medo, engolir o nervosismo, tentar outra vez. Não há substitutos para a vontade. Se não fizeres, ninguém faz. O mundo não tem vagas para sonhos que ficam à espera.

Há uma ilusão perigosa de que são as grandes decisões que mudam tudo. Mas a vida muda, quase sempre, em pequenas escolhas: dizer sim a algo novo, dizer não ao que já não serve, levantar-se uma hora mais cedo, mandar aquele e-mail, aceitar o convite, assumir que não sabes e aprender. É nesses detalhes que os caminhos se bifurcam.

E mesmo quando não se chega onde se queria, há algo que vale sempre mais do que o destino: o caminho. Porque no caminho ganhas calo, tropeças em verdades que não se aprendem em livros, conheces-te quando pensavas que já sabias tudo sobre ti. O falhanço ensina o que o sucesso não tem tempo para explicar. E quando se olha para trás, percebe-se que mesmo os erros tinham propósito — porque abriram portas que nunca terias visto se tudo tivesse corrido “bem”.

O ser humano é insatisfeito por natureza — e ainda bem. Querer mais é o que nos tira do lugar. Mesmo quem chega ao topo acaba por perceber que não era bem ali. E volta a recomeçar. Porque a sede não é de sucesso, é de sentido. E o sentido raramente está no resultado — está na procura.

Arriscar não é irresponsabilidade — é necessidade. E falhar não é um fim — é só uma curva apertada numa estrada que poucos têm coragem de seguir. Não é sobre vencer sempre. É sobre continuar mesmo depois de perder. O medo existe, claro. Mas é um sinal de que estás a caminho de algo que importa.

No fundo, o maior risco é não arriscar. Porque esse, sim, garante-te uma vida igual todos os dias, até ao último.

E tu não nasceste para isso.

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© 2025 por Pedro Paupério

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